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Informalidade, trabalho infantil e traumas movem a indústria calçadista de Franca
Na capital nacional do calçado masculino, mulheres se desdo💟bram em turnos de até 18 horas para ganhar um salário mínimo
Junto com a mulher, a criança
O trabalho infantil, em Franca, vive os mesmos dilemas comuns a : impera a máxima de que é melhor uma criança em casa trabalhando do que na rua, usando drogas. Existem registros de trabalho infantil na indústria calçadista de Franca desde a .Bruna* lembra que, uma vez que uma mulher, mãe, é submetida ao trabalho informal e precarizado, a criança acaba entrando na conta. “As mulheres que eu conheço acabam passando a costura para os filhos, porque aí chega a hora da janta e o sapato não pode ficar parado, então, enquanto ela vai cozinhar, a criança costura, ou vice-versa”. Letícia* completa: “Há crianças que não conseguem pegar numa caneta, escrever, por conta das dores”.
Para ajudar uma delas, Letícia arrecadou recursos para que a garota fizesse um curso, além de dar uma cesta básica para a família. Só assim, relata, uma tia aceitou que ela parasse de trabalhar. “Eu não posso chegar e falar ‘ó, ela tá costurando, não pode’. É bem desafiador.”. Analisando a questão do trabalho infantil, Bruna relaciona a frustração juvenil com a pobreza e o possível envolvimento com drogas. “A criança tem sonhos… de ter o tênis novo, ir ao cinema. Infelizmente, aquela mãe se desdobra em cima do sapato e o dinheiro não sobra”, narra. “A criança vai chegar a uma idade que vai ficar revoltada por não ter tido o tempo de ser criança e ter que enfrentar o mundo adulto, sempre com a vontade de ter. É onde, às vezes, ela encontra oportunidades erradas para conseguir o que quer”. O ideal, destaca a assistente social, é que as próprias empresas abram as portas para a ação da assistência social nestes esses espaços. Primeiro, é fundamental buscar a mapear as mulheres que trabalham na informalidade na indústria calçadista de Franca, assim como fornecer capacitação e rodas de escuta. Uma barreira para fazer uma cooperativa, pondera Letícia, é que muitas delas irão perder o benefício que recebem do governo. A saída, ela vê, é analisar caso a caso, para que algumas consigam se tornar MEI, e que as que ainda assim sigam na informalidade, tenham condições de trabalho melhores. Procurado pela reportagem, o presidente do Sindifranca, José Carlos Couto, afirmou não ter dados sobre informalidade no setor, mas diz que as empresas ainda não se recuperaram da pandemia – foram fechadas cerca de 60 fábricas no período.A situação tributária, tanto no estado quanto no âmbito federal, também é um entrave para os empresários do ramo, bem como a competição com mercado internos (em estrela bet:Minas Gerais) e externos (estrela bet:Indonésia e China).
Tentamos falar com a Prefeitura de Franca para entender como a prefeitura lida com a informalidade, apoio social a mães e menores de idade que trabalham na indústria. A Prefeitura se limitou a responder apenas o seguinte: “a Secretaria de Ação Social informa que não há registros de trabalho infantil nas indústrias calçadistas de Franca”.Apoie o jornalismo que chama as coisas pelo nome
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